A 17ª edição da Campus Party Brasil (CPBR17) que terminou neste domingo (22), em Brasília, reunindo diversas comunidades que representam diversos nichos de interesses. Durante os cinco dias do evento, marcaram presença em 6 mil m² da Arena BRB Mané Garrincha grupos que podem ser desde desenvolvedores de games e entusiastas de robótica, influenciadores digitais, empreendedores, a integrantes de movimentos pela inclusão digital, além de apaixonados pela cultura geek.
Quem não passou mesmo despercebida em meio a esta diversidade é a comunidade de cosplay [do inglês costume + play], que circula na Campus Party. Os cosplayers se vestem e interpretam personagens de ficção, sobretudo de animes japoneses, mangás, videogames e, também, de séries de filmes.
E eles têm a chance de mostrar seus figurinos para trazer o personagem à vida nos desfiles diários do evento. Nesta edição, a premiação por dia para o primeiro lugar foi de R$ 300 para o primeiro lugar. A Campus 17 também foi palco da seletiva que vale vaga para a final do concurso da Liga Brasileira de Cosplay, (LBC) de 2025.
Quem entrou na pele do simpático personagem Luffy, da série de mangá One Piece, foi o engenheiro de software Pedro Torreão, 24 anos, morador da capital federal. Apesar de já ter participado de outras edições da Campus Party, é a primeira vez que ele se caracteriza e justifica a ideia por se achar parecido com o anime de cabelos cacheados e porte físico magro.
“Pareço com ele. Pensei, então, eu posso fazer o boneco que eu gosto muito e que é da obra eu me identifico muito”.
O engenheiro conta que a parte mais bacana de estar caracterizado é ser notado por outras pessoas. “A obra do One Piece tem mais de 20 anos, é um dos animes mais famosos. Todo mundo conhece. As crianças gostam, as pessoas mais velhas gostam e pedem para tirar bastante fotos.”
Pelos corredores, há quem exiba criações próprias. Como a Zoe Vieira, de 23 anos, que caprichou na produção do visual. Ela trouxe uma mala de acessórios para acampar nos cinco dias de CPBR17 e até montou um camarim para sua comunidade de cosplayers.
Zoe revela suas inspirações para a montagem dos figurinos. “São de vários jogos de anime. Tem a VTuber [YouTuber Virtual] Gawr Gura. Curto vários outros de anime. Eu também adoro Genshin [Impact], que é um joguinho onde coleto personagens que exploram o mundo aberto e fazem missões. É bem divertido”, garante Zoe.
Embora o foco principal da Campus Party seja tecnologia, ciência e empreendedorismo, diversão e descontração também são pautas das etapas regionais e nacional da Campus Party.
E o jogo Just Dance é um dos mais populares nestes eventos e atraem a atenção de um grande público. As pessoas param para ver duplas e grupos que imitam as coreografias dos dançarinos virtuais de telas de computador. A partir de um sensor que rastreia seus movimentos, é possível constatar quem esteve mais sincronizado com os movimentos online e, consequentemente, conquistou a maior pontuação.
Quem é focado em aperfeiçoar sua performance dança para se tornar profissional é o estudante João Artur, de 16 anos, morador do Guará, no Distrito Federal, que há seis anos é adepto da mania geek. O fã assumido da cantora norte-americana Katty Perry testa sua residência em seguidas músicas de ritmo acelerado. E explica o que lhe move.
“Just Dance é maravilhoso pois, além de me exercitar, é um jogo que tem a parte da competição e é muito bem feito.” Para que outras pessoas pudessem experimentar a sensação de dançar, João Artur abriu espaço para outros iniciantes da brincadeira.
Porém, João Artur lamentou a mudança dos sensores de movimentos após 2022. “Mesmo tendo a última edição de 2022 com câmera, até hoje a gente joga. Agora, você precisa de um telefone para pontuar e dançar com o telefone na mão é horrível.”
Outras comunidades de Campus Party são as dos campuseiros interessados em tecnologia que trazem o próprio computador, teclados com luz de LED, cadeiras gamer e grandes monitores e fones de ouvido.
Eles querem aprofundar os conhecimentos em inteligência artificial (IA), criações 3D, configurações e linguagem de programação de computadores e todos os tipos de batalhas virtuais.
O estudante de Ciência da Computação, Arthur José, mudou de domicílio por cinco dias, em Brasília, para acampar no Mané Garrincha. Na bagagem, muitos fios e equipamentos que somam investimentos que ultrapassam R$ 12 mil. Para o jovem, a imersão recompensa o esforço, o tempo gasto e o capital empregado. “Sempre vale a pena. Na madrugada, a gente está aqui, joga junto com o pessoal. Aqui, tem muito conhecimento e diversão. E um mix de tudo. Ao mesmo tempo que eu posso ir ali ver uma palestra, eu posso ficar junto com minha galera”.
O universitário de Ciência da Computação, Matheus Caetano, de 20 anos, trouxe de Goiânia seus equipamentos para jogar virtualmente. “Vim porque este é basicamente o maior evento de tecnologia. Ainda mais depois que a [Campus Party] de São Paulo foi cancelada, o que tornou a etapa de Brasília a nacional.”
Para sustentar a fome nas infinitas horas das noites viradas no camping, Felipe Conrado, de 17 anos, viveu à base de dezenas de potes de macarrão instantâneo, em sua primeira participação no evento de tecnologia. Comida aquecida em aparelhos micro-ondas espalhados pela Campus Party. O estreante se preocupa com o futuro digital sem abandonar o lazer. “Vim aqui mais pela diversão, pelo entretenimento, mas para assistir às palestras, também e adquirir conhecimento”, acrescentou entusiasmado.
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