Os alicerces para a construção de um plano de ação de proteção integral de crianças e adolescentes órfãos foram firmados nesta segunda-feira (24) durante o Seminário Estadual de Orfandade e Direitos. O primeiro passo será a elaboração de uma Carta de Compromissos, cuja minuta deverá ser concluída em 30 dias. O evento foi realizado, de manhã e à tarde, no plenarinho Deputado Nelito Câmara, na Casa de Leis, com a participação de profissionais das áreas de Saúde, Assistência Social, Educação e Segurança Pública.
Proposto pelo deputado Pedro Kemp (PT), 2º Secretário do Parlamento, o seminário foi realizado em parceria com a Coalizão Nacional pelos Direitos de Crianças e Adolescentes em Orfandade (Coalizão Orfandade e Direitos), Conselho Regional de Psicologia e o Conselho Regional de Serviço Social.
Conforme definido ao fim do encontro, a Carta de Compromissos vai contemplar a proteção integral, a orfandade como situação socialmente construída, a atenção às comunidades indígenas, definição da atenção emergencial diante da morte, universalização dos direitos independente da consideração jurídica, contemplando, assim, as crianças imigrantes.
Mesas: Debate público, saúde mental, educação, indígenas, desigualdades e controle social
Além das discussões quanto a Carta de Compromisso, foram realizadas duas mesas de discussões durante o período vespertino, totalizando três em todo o seminário. De manhã, os participantes da mesa discutiram o tema “Orfandade como desproporção social: Explorar o conceito básico de orfandade trazido pela coalizão orfandade e direitos”. Na parte da tarde, a primeira mesa (e segunda do dia) debateu o tema “Ações e proteções às crianças e adolescentes em orfandade e suas famílias”. Por fim, a mesa 3 trouxe questões concernentes ao “Controle social nas ações e proteções de crianças e adolescentes em orfandade e suas famílias”.
Com a mediação do coordenador da Coalizão Orfandade e Direitos, Milton Alves Santos, a primeira mesa da tarde foi composta pela presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Marina de Pol Poniwas; pela secretária de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira; gerente de Atenção e Saúde dos Adolescentes da Secretaria de Estado de Saúde, Carla Adriana Costa dos Santos. Além dessas pessoas, outras autoridades e especialistas fizeram uso da palavra e contribuíram com o debate.
A Mesa 2 apresentou reflexões sobre a importância de percepção da orfandade não como problema restrito à dimensão individual, mas sim como um debate público. Também foram discutidas, sempre relacionando-se com a orfandade, questões de saúde mental, situações educacionais, famílias acolhedoras, além da atenção especial às diversidades de crianças e adolescentes das comunidades indígenas e da necessidade de discutir o problema, relacionando-o com as desigualdades socioeconômicas.
“Precisamos colocar a orfandade no debate público e tirá-la da dimensão individual, como sempre foi tratada. É preciso tirar a orfandade do ambiente privado e tratá-la como desproteção social, que precisa ser incorporada no sistema de garantia de direito em responsabilidades compartilhadas entre o Estado, a família e a sociedade”, considerou a presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Marina de Pol Poniwas.
A Mesa 3, que tratou sobre controle social, trouxe debates sobre a desarticulação e perda de força dos conselhos, a falta de intersetorialidade, a necessidade de dados integrados, entre outras questões. Com a medição da presidente do Conselho Regional de Serviço Social de Mato Grosso do Sul (CRESS), a mesa foi composta por representante do Conselho Estadual de Saúde, Ricardo Alexandre Correa Bueno; secretária-executiva do Conselho Estadual de Educação, Vera Lúcia Campos Ferreira; a representante do Conselho Estadual de Assistência Social (CEAS), Cristina Barros de Miranda; a presidente do Conselho Estadual da Juventude (Conjuv), Isabela Nantes; e o presidente da Associação dos Conselheiros Tutelares de MS, Adriano Vargas.
Durante o debate, a assistente social, professora e pesquisadora em direitos de crianças e adolescentes, Estela Scandola, pontuou a necessidade da não restringir a discussão da orfandade a esse problema específico, o que faz com que a proteção deixe de ser integral. “Para que a criança tenha proteção integral, a condição de orfandade não pode ser determinante. Ela é só uma condição”, disse a pesquisadora. Ela também da atenção à territorialidade. “O Estado não pode se sobrepor aquilo que a comunidade precisa fazer para cuidar das crianças. As soluções estão na comunidade, no modo de viver daquelas crianças”, acrescentou.
Essas questões, colocadas por Estela Scandola, entre outras problematizações, podem fazer parte do prólogo da carta de compromisso, conforme sugeriu o coordenador da Coalizão Orfandade e Direitos, Milton Santos. Ele propôs ainda, com a concordância dos presentes, que a minuta da carta seja apresentada ao comitê em nova reunião a ser realizada em 30 dias. Depois, o documento será discutido e, em durante mais um mês, finalizado. Essa carta deverá ser enviada ao Governo do Estado e outros órgãos e instituições.
Propostas a serem consideradas na Carta de Compromisso
A Carta trará propostas de compromissos específicos e interseccionais a serem assumidos pelas instituições, como também recomendações aos entes públicos. Também foi sugerido que o grupo responsável pela elaboração da Carta trabalhe com os dados já disponíveis, como os do Cadastro Único para Programas Sociais (Cadúnico), e que, posteriormente, seja composta uma base de dados integralizados. A ideia é que a Carta de Compromissos seja a base de um plano de ação do comitê.
O coordenador da Coalizão Orfandade e Direitos também destacou a importância da parceria com o Poder Legislativo. “É importante discutirmos com o deputado Pedro Kemp, com os demais parlamentares e com a Mesa Diretora desta Casa, a importância de elaboração de projetos de lei que tratem sobre a orfandade e a possibilidade de uma agenda de audiências públicas para avançar nesse debate”, propôs.
Serviço
O seminário contou com a cobertura jornalística da Comunicação da ALEMS e transmissão ao vivo pelas mídias sociais oficiais do Parlamento: no Facebook , Instagram , Twitter e Youtube e no Portal da ALEMS . Também pode ser conferido ao vivo pela TV Assembleia nos canais 7.2 (sinal aberto) e 9 (Claro NET) e pelo link TV ALEMS , e, ainda, pela Rádio ALEMS - FM 105.5.
Confira abaixo o evento na íntegra:
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